segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

DOMINGO SEM PARQUE



Meia-noite. Azia em pleno vapor queimando as paredes do estômago. Lembranças das caipirinhas com cerveja quente das horas anteriores. Não estava fervendo, mas não dava pra chamar de gelada aquela Antarctica resfriada. Coisas da cultura brasileira, do sol que banha a linha do Equador, mesmo quando estamos mais pro sul do continente periférico. Computador desligado, listas e mais listas de afazeres perecíveis… Todos em estado de putrefação. O sono, a espinha que urge revelando a idade dos ossos, a preguiça e a falta de opções razoáveis na televisão sepultam a noite. Paro e penso: onde estão os movimentos? Cadê o papo-furado que não naufraga nunca? O que é ficção e o que é realidade após as 24 horas de um domingo quente, mesmo sem sol.

A procura da adrenalina de meia-idade, vago pelas folhas em branco, por mais uma loira frígida, por programas sobre o dragão de Komodo. Sintomas de um carimbo em relevo, 3D de tão forte, pulsante: bem-vindo a mais um dia matemático. Um dia que cumpre bem sua função no calendário, que justifica astrólogos e numerólogos, que reiventa zoológicos, cinemas (não filmes), teatros (não importa o espetáculo), pizzas! Não existe clichê maior que esse, meter o pau no domingão! Mas não fujo da regra, apesar das tentativas de subverter a ordem dos planetas.

Mais jovem, negava domingos e segundas. Melhorei?

Vida longa aos dragões.

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