terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2009



No dia 27 de novembro de 1985, quando o cometa Halley cruzou o céu timidamente, após grande expectativa – falava-se que o cometa seria visto com o tamanho de 20 luas cheias - eu tinha exatos 12 anos de idade. Me lembro que a exatidão dos anos fizeram com que todos viajassem para o ano 2000. Projetávamos a idade para o novo século. No meu caso, o número era 26, já que sou de julho. Pensei o que poderia mudar. Como estaria. Certezas de um futuro incerto.

Hoje, véspera de 2009 – um número nunca antes pensado e projetado por aquela mente quase infantil – abro o jornal e vejo que pouca coisa mudou de verdade. Além das rugas e do fôlego escasso, a mesma exatidão matemática que rege o calendário cristão nos faz andar em círculos miúdos. Onde estão as naves? Cadê a mochila voadora que nos levaria de lá pra cá em segundos, a máquina de teletransporte, as moradias inteligentes, os robôs submissos, a paz pós-guerra fria?

Ainda somos infantis, depositamos no tempo nossas próprias angústias, buscamos na matemática simples o resultado de uma vida que se apresenta muito mais complexa com o passar dos anos. Números sobrepostos. Datas regidas pela mesma lua que, anos atrás, foi usada como escala para uma luz que cruzaria o céu.

Somos românticos. O tempo, piada.

Felicidades em 2009!

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

NEO METRÔ

DOMINGO SEM PARQUE



Meia-noite. Azia em pleno vapor queimando as paredes do estômago. Lembranças das caipirinhas com cerveja quente das horas anteriores. Não estava fervendo, mas não dava pra chamar de gelada aquela Antarctica resfriada. Coisas da cultura brasileira, do sol que banha a linha do Equador, mesmo quando estamos mais pro sul do continente periférico. Computador desligado, listas e mais listas de afazeres perecíveis… Todos em estado de putrefação. O sono, a espinha que urge revelando a idade dos ossos, a preguiça e a falta de opções razoáveis na televisão sepultam a noite. Paro e penso: onde estão os movimentos? Cadê o papo-furado que não naufraga nunca? O que é ficção e o que é realidade após as 24 horas de um domingo quente, mesmo sem sol.

A procura da adrenalina de meia-idade, vago pelas folhas em branco, por mais uma loira frígida, por programas sobre o dragão de Komodo. Sintomas de um carimbo em relevo, 3D de tão forte, pulsante: bem-vindo a mais um dia matemático. Um dia que cumpre bem sua função no calendário, que justifica astrólogos e numerólogos, que reiventa zoológicos, cinemas (não filmes), teatros (não importa o espetáculo), pizzas! Não existe clichê maior que esse, meter o pau no domingão! Mas não fujo da regra, apesar das tentativas de subverter a ordem dos planetas.

Mais jovem, negava domingos e segundas. Melhorei?

Vida longa aos dragões.

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

TRAMA URBANA

O FUSO COLETIVO, coletivo de arte formado por mim + Kjá + convidados, deu início a mais uma ação. Depois do Prêmio Interferências Urbanas 2008, vamos ligar os pontos. A proposta, com o título de Tramas Urbanas, é uma mistura de grafite, ícones e/ou signos, neocrocretivismo e o que vier à tona.

O convidado da primeira rodada foi o Fabio Birita.
O local: Centro do Rio, mais precisamente nas imediações da Cinelândia.

Confira mais no blog do FUSO COLETIVO: www.fusocoletivo.tk